As diferenças — Ana e Violet

Guilherme Ambrosio
11 min readFeb 18, 2024

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Prólogo — O Adeus

A cama macia, um quarto simples, o clarão de luz acaba, ela abre os olhos e não sabe onde está. Nex estava sentado próximo esperando ela acordar. — Finalmente acordou. — Disse Nex. — Onde estou? — Perguntou Ana. — Ela lembra só do clarão de luz logo depois de pegar o livro. — Estamos na hospedaria do entreposto comercial. — Ele respondeu. Momo estava no quarto dormindo, despertou com a voz dela e foi lentamente para perto da Ana, chegou com o focinho perto e ela logo fez carinho nele.

Ana voltou a atenção para Nex com o olhar triste.

— Como ficou o grupo? teve pessoas que morreram na minha frente, eu não queria que nada daquilo acontecesse — Perguntou Ana.

— O capitão Ferdinand não disse o que aconteceu para mim , mas ele deixou essa carta que é uma ordem para você ir na capital e ir em direção ao castelo real. Ele voltou logo para reportar a missão ao rei.

— Quanto tempo eu fiquei dormindo? — Ela fez outra pergunta.

— Dois dias, enfim quando você levantar fale com Felix que está esperando para conversar com você, ele ficou encarregado de acompanhar você até a capital.

— Como assim?

— Leia a carta, enfim vou voltar para vila em algumas horas, se quiser que eu entregue uma carta para sua mãe escreva se quiser, até mais Ana.

— Agradeço velhote.

Ele sorriu enquanto saia do quarto.

Ana leu a Carta de Ferdinand:

“Seu poder é estranho, mas poderoso, Felix foi salvo por você logo antes de ser esmagado pelo titã, agradeço em nome do reino, irei confiar o livro a você, ninguém mais deve conseguir usar com aquele nível de força que você teve. Fale com Felix para mais informações e apareça na capital depois vá direto falar com a corte real, confio a defesa do reino no seu poder Ana”.

Ana foi na direção da recepção depois de terminar sua carta que seria enviado para Luna explicando o que havia acontecido. Viu Felix sentado esperando ela.

— Como você está? — Perguntou Felix.

Ela olhou meio apreensiva pensando sobre seu poder, mas não ligou e falou logo em seguida.

— Estou melhor, não sei o que aconteceu depois que peguei o livro. — Disse Ana.

— Você salvou a minha vida, eu estava correndo e usando pulos evasivos contra o titã, nada fazia nenhum dano nele, eu fiquei encurralado e naquele momento você pegou o livro e começou a ter uma chama roxa em todo o seu corpo, você acertou o titã logo em seguida que o fez parar de me atacar e a olhar na sua direção e vocês ficaram parados. — Disse Felix.

Ana ouviu cada palavra e não entendeu nada, que poder ela usou e como ela tinha tal força não estava em sua memória.

— Eu não lembro de nada disso, o que houve depois? — Perguntou Ana.

— Você desmaiou e o titã caiu no chão morto, nós te carregamos até aqui, o capitão foi para o palácio real reportar o quanto antes o sucesso da missão.

Ana ficou um pouco assustada, tentou lembrar mas nada na mente dela surgia.

— Acho que entendi, o livro está com você né? — Indagou Ana.

— Sim. — Ele pegou o livro e a entregou. — Tome cuidado tá.

Ela pegou o livro e suas mãos reagiram com uma pequena luz roxa na sua palma.

— O que é isso? — Perguntou Ana olhando surpresa para Felix.

Ana olhou ao redor era possível ver todo mundo surpreso também. Como se soubessem que algo fora do normal tivesse com ela junto com aquele livro.

— Esse é seu poder, ninguém do nosso grupo conseguiu usar o livro, você é a única.

Ela tentou não ligar para o que ele falou, colocou o livro sagrado na sua mochila.

— Acho que temos que ir para palácio correto? — Perguntou Ana.

— Isso, vai querer partir hoje? — Retrucou Felix.

— Sim, prepare a saída. — Disse Ana.

Ana observou e viu Nex na entrada da hospedaria e pegou a carta que seria entregue para sua mãe, ela foi na direção dele, Momo acompanhou também.

— Senhor Nex, aqui agradeço por tudo, aprendi algumas coisas contigo também. — Ele entregou a carta.

— Ah! certo garota, boa sorte nessa nova jornada, nossa vila inteira vai torcer por você!

— Então teria como levar Momo de voltar para casa também? — Perguntou Ana.

O velhote olhou surpreso mas balançou a cabeça em afirmação.

— Claro! Sem problemas.

— Obrigada, deixa só eu me despedir dele tá.

O velhote balançou a cabeça mais um vez. Ana resolveu sair um pouco ao ar livre, passeou um pouco e brincou um pouco com momo. Depois de alguns minutos ela se abaixou e falou.

— Momo desculpa, eu não queria te deixar em nenhum momento, não quero te ver sofrendo, eu não quero te perder, você sabe que agora eu vou entrar em perigo cada vez mais, não quero que veja horrores da guerra, por isso você não vai ficar comigo, mas prometo voltar tá — Disse lacrimejando um pouco e colocou as duas mãos na cabeça do momo e aproximou uma última vez. — Eu sempre vou estar contigo, irei voltar assim que achar meu pai e mal posso esperar para te fazer carinho infinito de novo.

Ela foi até a direção de Nex e falou para momo ficar junto com ele, depois disso ela se encontrou com Felix e foram na direção de Aust. Mesmo olhando ao redor tudo era inerente e estranho para Ana, ela estava em um núcleo obscuro de sua vida, mas ao mesmo tempo tudo era apenas mais um passo para encontrar seu pai. Não existia apenas uma vila em sua vida, ninguém iria mandar mais nela, apenas um objetivo a sua frente.

Habilidades — Ana e Violet

O dia no palácio era de ansiedade, o rei iria lutar na guerra depois de um ataque na cidade, houve um explosão no distrito comercial, todos que estavam nas proximidades foram mortos em um ataque suicida por uma guarda de Arvian, que era a tropa mais habilidosa dos Mahusuns.

O palácio por fora era verde claro com detalhes em branco, foram colocadas bandeiras pretas nas janelas frontais como sinal de luto. O quarto de Violet era meio bagunçado a gosto dela, estava terminando de ler mais um livro quando uma wonce, que trabalhava com serviços básico no castelo, bateu na porta.

— Pode entrar — Disse Violet.

— O seu pai está esperando você. — Disse o empregado.

Violet vivia numa bolha de leitura e treinamento básicos de luta, não tinha interesse em questões externas. Sua vida estava traçada para ser uma pessoa que possivelmente iria tomar o lugar do trono como filha única e naquele momento não pode ignorar esse pensamento.

Sabia que o pai iria embora e foi se despedir dele. Ela se aproximou da sala onde ele estava fazendo os últimos preparativos para viagem e suas decisões de quem iria lidar com Violet e onde seria guardados os itens valiosos do reino.

— Violet venha aqui. — Disse o Pai dela.

Ela se aproximou dele e tinha outra pessoa junto com ele.

— O senhor realmente precisa ir para a guerra? — Perguntou Violet. Ela permanecia se perguntando se aquilo era uma decisão tão ruim quanto tentar escrever um manuscrito e falhar ou se seria um sucesso trazendo o fim desses problemas.

— Eu tenho uma obrigação de vingar a vida de todos que morreram ontem, é uma questão de honra. — Ele respondeu e entregou uma caixa azul que estava aberta com um dos amuletos sagradas para ela.

— O que é isso? — Disse Violet.

Ele abriu a caixa que ela estava segurando e surgiu uma amuleto que parecia feita de dois metais diferentes com uma metade azul e outra metade vermelha e se não fosse por isso pareceria uma pedra qualquer, ele segurou o amuleto e começou a fazer água e fogo ao mesmo tempo e logo após 2 segundos parou de surgir.

— Isso é um amuleto sagrado desses elementos, mas nunca consegui controlar o poder disso, espero que você consiga, pegue. — Ele colocou o amuleto de volta na caixa e fechou a caixa.

— Certo, eu vou conseguir então. — Ela olhou surpresa mas ficou feliz com o pedido do pai ao mesmo que percebeu uma energia ao seu redor que não era despedida. — Espero que volte para me ver usar isso melhor que o senhor!

Logo em seguida o pai apresentou a pessoa que estava próximo dele que já era conhecido por todos da família.

— o Major Peri irá ensinar como funciona esse amuleto, ele e seu filho treinam com outro amuleto para emergências e nossa força final nessa guerra virá de vocês dois.

— É uma honra ensinar vossa princesa. — Disse o General.

— É uma honra aprender com o senhor. — Retrucou Violet. — Mas pai porque você não fica aqui até que eu esteja preparada para batalha?

— Sinto muito filha, o dever do rei de estar no campo de batalha também é algo sagrado, a guerra começou a poucos meses mas ainda não apareci para o exército na linha de frente.

Ela pegou o amuleto com sua mão direita e nesse momento teve sentiu vozes distantes que pareciam gritos numa distância considerável, as vozes logo em seguida se dissiparam, ela apenas respirou fundo parecendo entender sua nova realidade.

— Não irei falhar com nosso povo, não morra tá! — Ela disse enquanto fazia um pequeno sorriso para seu pai.

— Com certeza viverei, use o amuleto e ajude a trazer paz, você sabe que eu não tenho escolha e você vai ter isso a partir de agora, sei que é muita responsabilidade, mas sempre estive orgulhoso de você, tenho certeza que vai aprender cada detalhe de como usar o amuleto, eu sempre vou te amar filha.

— Obrigada, irei aprender sim! — Ela deu um abraço no pai depois de falar isso.

O general falou.

— Podemos começar? iremos a área de treinamento.

— Sim senhor — Ela disse.

Violet fez um último aceno para o pai e seguiu junto com o general para seu novo aprendizado.

Violet e major Peri foram em direção a ala dos militares enquanto caminhavam o major falou.

— Vossa Alteza gostaria de saber como será o treinamento?

— Como será, irei perder minha sanidade? — Ela retrucou.

Ele olhou meio surpreso mas não comentou nada.

— Vossa Alteza estará treinando com meu filho que tem um amuleto sagrado assim como também com uma curandeira que conseguiu o livro sagrado, eles estão aprendendo aos poucos e sabem como ativar e sustentar uma energia fraca.

Ela ficou pensando por um tempo em silêncio enquanto chegavam na entrada da sala.

— Então vou ter competição, tudo bem, vou trabalhar mais que todos eles, só assim vamos ser fortes. — Ela afirmou.

Era um espaço grande suficiente para ter metade de um batalhão, um lugar com armamento, áreas de luta, bonecos de treinamento, na área central era possível ver duas pessoas fazendo algo que chamava atenção com um brilho reluzente deles dois.

Ana estava treinando com o filho do major. Ela estava com o livro e sua aura roxa estava apenas em suas mãos próximas de onde vinham a energia e também uma energia amarela do garoto.

Violet ficou surpresa com o poder roxo de Ana e percebeu que todos eram jovens e se perguntou porque eles seriam o futuro do reino, mas não conseguia compreender nem como a vida funcionava fora da cidade.

— Atenção todos! — Disse o general.

Se aproximaram do general e ele falou.

— Essa é a princesa Violet ela irá treinar com vocês, ela está com o amuleto da família real. Podem tirar as formalidades ela pode ser chamada pelo nome e vocês devem treinar para aprender os amuletos juntos. — Ele virou na direção da princesa — Vossa Alteza conheça Ana Hunn e Caleb Peri.

Violet observou Ana viu seu cabelo cacheado claro e curto, gostou muito do corte, viu que ela estava usando a roupa do exercito com apenas um detalhe de proteção no ombro que parecia o símbolo da família dela.

— Muito prazer! Não se preocupem com formalidades estarei treinando juntos com vocês, espero que possam me ensinar também. Conto com vocês! — Disse Violet.

— Irei deixar vocês se conhecerem, tenho assuntos a tratar com vossa majestade, o rei, antes de sua partida. — Ele foi embora da área de treinamento.

— Certo então vem mostrar o seu amuleto. — Disse Ana.

Violet se aproximou colocou a caixa numa mesa que estavapróxima dos dois e pegou seu amuleto.

— Aqui esse amuleto tem fogo e água, como funciona o poder de vocês? — Perguntou Violet.

— O meu livro é uma incógnita, eu não lembro como usei o poder total dele antes, um oficial contou a história para mim. Eu fiquei com meu corpo inteiro em uma aura roxa e usei fogo roxo com essa aura para destruir o titã que ficava de guarda, e logo depois desmaiei. — Ana Respondeu. — Fale sobre seu amuleto Caleb. — Ana acrescentou.

Caleb usou a magia de novo.

— Eu não sei muito bem, meu pai disse que se chegar em uma aura verde a mente de uma pessoa se torna controlável, mas não consigo usar com todo o poder necessário.

A atenção de Violet se tornou um choque de realidade, aquilo parecia algo bom que tirava toda a vida pacata para algo totalmente diferente, prestou atenção atentamente. Violet pensou — então temos a pessoa com problemas de memória e o aspirante a manipulador — mas manteve o silêncio.

Ana deu um passo para frente.

— Caleb pare de fazer isso, Violet correto? — Disse Ana.

— Isso! — Respondeu Violet.

— Pegue seu amuleto e vamos começar agora nosso treinamento, Caleb vai treinar em outro lugar, Não atrapalhe de nenhuma maneira a princesa. — Ordenou Ana.

— Tudo bem. — Disse Caleb sem questionar e saiu em direção a área mais afastada possível.

Violet olhou meio torto para essa situação, e pensou que eles se conheciam a um bom tempo.

— Por que ele não treinar conosco? — Perguntou Violet.

— Ele é fraco, e quero ver como você vai sair na luta usando esses artefatos mesmo que nossos poderes não estejam no máximo da força. — Respondeu Ana.

Ana pegou seu livro e fez um pequena na palma de sua mão.

— Vamos tentar chegar até esse nível, quero ver você usando seu amuleto até nessa força e depois iremos lutar para ver quem é mais forte.

Violet achou engraçado a situação, mas percebeu que Ana se importava com o aprendizado dela.

— Acho que você está me confundindo com o Caleb, que tal um luta agora? — Violet foi para uma área que tinha espadas de madeira e pegou duas espadas. Depois jogou uma na frente de Ana. — Vamos ver se você pelo menos é forte o suficiente.

— Violet você não entende o quanto eu sou melhor que você, a cada dia que você vivia no seu castelo de riqueza, eu estava aprendendo para ir a guerra. — Ana falou isso enquanto deixava o seu livro na sua mochila e pegou a espada de madeira.

Violet estava esperando Ana na área central e falou uma última coisa antes de atacar.

— Quem você pensa que é? se não tivesse o livro você seria ninguém.

Ana manteve silêncio, foi calma até a área central e quando chegou na linha divisória ela correu na direção de Violet. As espadas se chocaram e elas se encararam com Ana com seu rosto de seriedade enquanto a princesa estava furiosa.

Violet pensou — Ela parece forte mesmo, porque ela não ligou para minhas palavras? — Enquanto se afastava de Ana e tentou um ataque pela direita e Ana defendeu. A princesa se afastou mais um vez e tentou desferir vários golpes tanto na esquerda quanto direita, mas Ana conseguia aparar todos os golpes. As duas continuaram até que no deslize de cansaço de Violet a outra acertou a espada no punho da princesa, depois a derrubou com um golpe empurrando a princesa, e apontou a espada no pescoço dela enquanto estava caída.

— Levante, vamos continuar até você acertar um golpe em mim. — Afirmou Ana.

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